domingo, 16 de dezembro de 2012

MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA DE MAÇÃO E “REDE PACAD”: UM PROJECTO DE INTERVENÇÃO SOCIAL

Luiz Oosterbeek1


Transformar o mundo, disse Marx, mudar a vida, disse Rimbaud:

para nós, estas duas palavras de ordem são apenas uma

André Breton




Ensinas-me a fazer tantas perguntas


Na volta das respostas que eu trazia

Quantas promessas eu faria

Se as cumprisse todas juntas

José Mário Branco

Resumo


A lógica do projecto do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação foi, desde o início, paralela ás preocupações dominantes na esfera do património: o eixo não foi nem a conservação das colecções e sítios, nem a investigação, e sim a criação de uma dinâmica de construção de conhecimento difusa, catalisada pelo património arqueológico. Neste quadro, as necessidades de conservação e de investigação surgiram como instrumentos para uma apropriação social de qualidade do património arqueológico, que em última análise era, e é, considerada por sua vez como um instrumento de cidadania.

São apresentadas as principais soluções didácticas desenvolvidas pelo Museu, com especial atenção sobre o programa de animação científica e artística digital (PACAD).



Palavras-chave
Arqueologia – Arte Rupestre – Museologia – Conhecimento – Digital
Abstract

The Museum of Prehistoric Art of Mação, from its beginning, has had a logic parallel to the dominant concerns in the heritage sphere: its core hasn’t been the conservation of collections and sites, nor research, but the creation of a diffuse knowledge building dynamics, clustered around the archaeological heritage. In this context, the conservation and research needs are tools for a quality archaeological heritage social awareness which, in the end, was and is considered as a tool for citizenship, in its turn.

The main didactic solutions develop by the Museum are presented, with a special focus on the digital scientific and artistic animation programme (PACAD).

Key-words
Archaeology – Rock Art – Museology – Knowledge – Digital

ACASO, CRÍTICA E UTOPIA
Em 6 de Setembro de 2000, a escassos dias do congresso da Associação Europeia de Arqueólogos, era descoberta uma gravura paleolítica no vale do Ocreza, em Mação, no âmbito de uma colaboração entre o CEIPHAR e o ex-CNART2 . Ao pedido de colaboração, que então foi feito pela equipa do CEIPHAR à Câmara Municipal de Mação, no sentido de preservar os vestígios rupestres, respondeu aquela com uma proposta de colaboração do Centro na reorganização do Museu de Mação.
O projecto do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), desde o início da década de 1990, fora o de conseguir articular quatro dimensões que estão, no ordenamento jurídico-institucional, separadas, com grave prejuízo para o património e para os cidadãos3: a investigação (essencial para a identificação e compreensão do património), a educação (essencial para a formação de técnicos especializados mas, também, para a formação global de uma consciência patrimonial na sociedade), a preservação (crucial para que os bens identificados se conservem no tempo) e o usufruto do conjunto dos cidadãos (razão de ser de todos os anteriores)4 .
No nosso País, como aliás em muitos outros, estas vertentes, que deviam estar permanentemente articuladas, encontram-se institucionalmente espartilhadas. A investigação é do foro da Fundação para a Ciência e Tecnologia, com alguns complementos do Ministério da Cultura, de privados ou de autarquias, apesar de ser protagonizada essencialmente pela rede de ensino superior (que não tem meios financeiros para tal). A educação é da competência do Ensino Superior, que não tem um acesso fluído ao património arqueológico e convive com escassos recursos financeiros, o que muitas vezes prejudica a qualidade da formação que pode oferecer5 . A preservação é da competência do Ministério da Cultura, que depois de algumas aventuras mal sucedidas no campo do Ensino, e por não ser capaz de com ele se articular (bem pelo contrário), se revela incapaz de delinear uma estratégia global para o património, que só seria possível numa lógica de rede de recursos, e se vai limitando, apesar das boas intenções dos protagonistas, a gerir “imóveis afectos” e a “fiscalizar” o “resto” (com escassos recursos humanos, nem sempre suficientemente preparados ou equipados), com breves e inconsequentes incursões nas vertentes da formação, da investigação e da valorização. O usufruto, promovido pelo Ministério e de forma crescente por autarquias e mesmo por privados, apesar das dificuldades do movimento associativo que em tempos foi estruturante6, vai chegando aos cidadãos de forma desarticulada (entre si) e desconectada da esfera em que devia ser estruturante (precisamente a do ensino)7.
O projecto da equipa do IPT foi o de construir um plano integrado8, e essa sugestão foi inicialmente proposta ao Município de Tomar (início da década de 1990, sem que a autarquia se interessasse pela ideia) e depois a Abrantes (1992-1993, tendo um projecto sido aprovado, e logo abandonado, pela respectiva Câmara Municipal). A criação do Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo, em Vila Nova da Barquinha (no final da década e com forte envolvimento da autarquia e da Secretaria de Estado da Juventude, ao tempo liderada por Miguel Fontes) foi a primeira concretização deste plano. Mas seria só em Mação, em 2001, que o projecto se começou a estruturar globalmente, como um instrumento de gestão territorial9 (num processo em que foi decisiva a intervenção do então vereador da Cultura e hoje Presidente da Câmara, Saldanha Rocha)10.
O MUSEU COMO INSTRUMENTO
A lógica do projecto do Museu de Mação foi, desde o início, paralela ás preocupações dominantes na esfera do património: o eixo não foi nem a conservação das colecções e sítios, nem a investigação, e sim a criação de uma dinâmica de construção de conhecimento difusa, catalisada pelo património arqueológico. Neste quadro, as necessidades de conservação e de investigação surgiram como instrumentos para uma apropriação social de qualidade do património arqueológico, que em última análise era, e é, considerada por sua vez como um instrumento de cidadania.
Assumida esta orientação, a questão seguinte foi a de definir qual o melhor plano museológico para servir esse objectivo social e cultural mais vasto. O projecto foi sendo estruturado entre 2002 e 2005 (ano da reabertura do Museu), apoiando-se em particular na avaliação dos interesses e expectativas da população local (através de inquéritos e entrevistas), bem como nas potencialidades e perspectivas gerais do município (através de reuniões e discussões sucessivas, por forma a assegurar a plena convergência estratégica).
A primeira opção foi inverter a lógica de exposição do conjunto das colecções, substituindo a exposição de peças pela organização de temas expositivos para debate (apoiados nas peças), e construindo uma exposição sobre uma temática relativamente “obscura” para o grande público (o Paleolítico inferior e médio no Sul da Europa) aliada a uma materialidade extremamente aliciante e amigável (paleo-solos que se podiam tocar, textos curtos, visitas guiadas). O essencial foi combinar uma contenção radical de custos com uma qualidade cénica distintiva11. Esta opção permitiu “inundar” o Museu de habitantes de Mação, mas também trazer muitos outros visitantes.

A segunda opção foi a de construir uma imagem diferenciada, que permitisse projectar o Museu não apenas fora de Mação mas dentro da comunidade, não apenas como museu municipal (que continua a ser, não por ser um repositório de peças locais mas por o seu programa ser discutido com a população local), mas como congregador de especificidades locais de interesse supra-municipal (como é o caso das produções locais de presunto ou de mel), articuladas com as respectivas identidades12. Assim se concebeu a nova designação do Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo. O Museu assumiu assim uma vocação regional e temática, sem perder a vocação local.
O passo seguinte foi a reestruturação global do Museu, assumindo um novo eixo temático para a “casa-mãe” (a arte rupestre associada aos primórdios da agricultura) e projectando extensões museográficas em diversos pontos do concelho13. A nova exposição permanente, reduzindo-se na amplitude temática e artefactual (Neolítico e Calcolítico) possibilitou um discurso sobre a relação entre o comportamento humano e o seu contexto ambiental e climático, que consente uma conexão directa com as preocupações da sociedade actual e o ocaso do “mundo rural” que ainda é o alicerce de muitas identidades. Sobre este eixo, que valoriza essencialmente a didáctica da importância da tecnologia e da racionalidade na sociedade, foram organizados os serviços educativos e todos os projectos didácticos, com particular destaque para o projecto Andakatu14.

Finalmente, uma vez definido o eixo programático e a estratégia museográfica, consolidou-se o projecto em quatro vertentes. Em primeiro lugar a investigação, afirmando uma centralidade academia através do acordo estabelecido com o Instituto Politécnico de Tomar para criar junto do Museu uma unidade de investigação, que veio a acolher o Mestrado em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre e o Doutoramento em Quaternário, ministrados pelo IPT e pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Para a sua consolidação o Museu deu especial atenção à estruturação de uma biblioteca temática, hoje com mais de 40.000 registos e em rápido crescimento15 e pela organização de laboratórios de tecnologia lítica16, arte rupestre17, geo-arqueologia e paleobotânica (em fase de montagem). Esta unidade de investigação e formação é hoje a base logística do grupo de Quaternário e Pré-História do Centro de Geociências (FCT), reunindo mais de 160 investigadores com projectos coordenados a partir de Mação, não apenas na região e no País, mas também em Espanha, Itália, Grécia, África e América do Sul18. A vertente de investigação assume-se como a coluna vertebral de todo o projecto.
A segunda vertente estruturante é a gestão e conservação de colecções, sítios e outros recursos19, normalizando procedimentos num modelo que se apoia na colaboração de estudantes, que fazem parte da sua formação no quadro das acções do Museu. Neste domínio, o Museu tem-se dedicado em particular à pesquisa sobre métodos de prevenção e de minimização do impacte de incêndios. Para além desta componente, estruturou um percurso de 14km de caminhos com visitação de sítios de arte rupestre e outros locais arqueológicos, que funciona como área de conservação privilegiada.

A terceira vertente é a das visitas guiadas. Toda a lógica da acessibilidade ao Museu é a de proporcionar conversas, entre os visitantes e destes com monitores do Museu (os investigadores e estudantes do Museu e do Mestrado), visando suscitar reflexões sobre o tema central do Museu e as diversas exposições. A museografia é essencial para a construção de uma relação conceptual entre os investigadores e os demais utilizadores do museu, e carece de recurso quer a novas tecnologias20 quer a estratégias inclusivas21. E é neste campo que o Museu e o IPT mais reflectiram e mais experiências têm promovido, designadamente as actuais exposições táctil e digital.

INTERROGAÇÕES E INQUIETAÇÕES
A reflexão que em dado momento formos fazendo foi a seguinte: construímos discursos que depois disseminamos em estruturas crescentemente caras, que no final acabam por se destinar a nós mesmos, e aos que como nós realizaram os seus estudos, frequentaram a universidades, e talvez estejam por seu lado a construir outros discursos, nas suas especialidades, para nós. De fora fica o grosso da população, condenada a vulgatas sem qualidade, a um divórcio crescente com a produção do saber. Os resultados são por um lado uma alienação crescente e por outro o avanço da incultura e dos equívocos como a deriva do Museu dos Coches ou das incertezas sobre o futuro de museus nacionais, como o Museu Nacional de Arqueologia22.

É tempo de sairmos de uma torre de marfim em que, há demasiado tempo, nos deixámos enclausurar. É tempo de perguntar em que medida os modelos de intervenção profissional na esfera do património arqueológico (ensino, pesquisa e musealização) correspondem ao que a sociedade necessita.

A questão colocou-se então da seguinte forma: é possível construir um instrumento museográfico que associe qualidade e acessibilidade potencialmente universal, colocando os investigadores em relação directa com os cidadãos que estão “fora do sistema cultural”? Ou, dito de outra forma, é possível criar um instrumento que integre os cidadãos no processo de construção de conhecimento sobre o passado, e não os trate apenas como consumidores de saberes-pronto-a-vestir?23

Desde a sua re-abertura, em 2005, o Museu construiu um eixo de debate sobre a questão rural, a partir da pré-história, com extensões para diversas dimensões do comportamento humano e das suas condicionantes (tecnologia, ideologia, arte, clima, geologia, ambiente). A exposição permanente, numa sala pequena, com apenas 137 peças expostas, é percorrida durante, em média, meia-hora, mas as visitas chegam a demorar duas horas. A experiência de recorrer a poucos textos, poucas peças, e muita conversa, ao cabo de 40.000 utilizadores, permitiu-nos concluir que o visitante médio sai do Museu tendo conquistado certas noções (habitat, tecnologia, neolítico, megalitismo, arte rupestre, entre outras), mas que a sua competência crítica nem sempre é efectivamente reforçada. Com efeito, apesar de o método didáctico se apoiar no diálogo e na interrogação, a tendência do utilizador, sobretudo quando confrontado com a presença de tantos investigadores em torno do Museu, é a de respeitar e acolher a interpretação académica, inibindo a sua própria capacidade crítica. O objectivo de um Museu, no entanto, passa não apenas pela sedução mas também pela resistência que oferece a uma apreensão meramente consumista, sendo que um museu de arqueologia se apoia em especial na conceptualização da cultura material24.
É no quadro destas inquietações que foram organizadas a exposição táctil e o projecto PACAD.

O visitante que hoje chega ao Museu encontra três exposições, que no essencial “falam do mesmo”: um percurso digital, de manipulação de imagens vinculadas a conceitos, e que é aleatório; um percurso táctil, estruturado em função do tacto (a exposição é especialmente adequada a invisuais, mas como a visita é feita sem luz oferece a todos os demais uma experiência de percepção do mundo sem recurso à visão); um percurso visual “clássico”, com as peças originais em vitrinas. A unidade e convergência conceptuais das exposições são sublinhadas pelo título geral: Um Risco na Paisagem – Uma Paisagem em Risco. As origens do mundo rural são identificadas como riscos/alterações na paisagem (artefactos novos, estruturas sepulcrais, arte rupestre), que por sua vez se encontra em risco (ameaçada de destruição e comportando situações e condicionalismos de risco, como a cegueira).
Os utilizadores do Museu vão-se assim apercebendo de como as próprias noções que estruturam se modificam em função dos percursos (aleatório ou orientado), dos suportes (digital, réplicas ou originais) e dos sentidos utilizados. Não é preocupação do Museu que o visitante necessariamente conceptualize esta polifonia, mas apenas a de que a vivencie, ampliando a consciência sobre essas categorias (decisão/orientação, verdadeiro/falso, ver/tocar, sentir/imaginar), sempre estruturadas em torno de alguns conceitos chave: agricultura, recolecção, caça, arte rupestre, ambiente, cultura, espaços de habitat, espaços funerários, …

O utilizador do Museu percorre primeiro, no piso inferior, as exposições digital (aleatória) e táctil (orientada). Só quando acede ao segundo piso é que se confronta com a reflexão estruturante do Museu, que se exprime num curto texto (que se constitui, no entanto, como o texto mais longo de todos os que enquadram as exposições):

ENTRE O QUE NUNCA FOI E O QUE JAMAIS SERÁ.


O Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo convida a pensar a relação entre o sagrado e o profano, em diferentes momentos da história da região.

Cada objecto aqui apresentado é um ponto de interrogação sobre o passado que já foi e sobre o presente em que construímos as nossas paisagens. É um convite à inquietação, à insatisfação,… e à curiosidade por tudo o que é diferente.

Porque é nessa dimensão que vivemos, entre um passado que nunca foi exactamente como pensamos, e um futuro que jamais caberá nos limites da nossa imaginação.
MATERIALMENTE VIRTUAL – A REDE PACAD

O projecto de animação científica e artística digital (PACAD)25 é uma exposição de conteúdos virtuais que são manipulados pelos utilizadores. A exposição é feita sobre uma tela, onde se projectam imagens organizadas em unidades geográficas (por exemplo Senegal ou Vale do Ocreza) ou temáticas (por exemplo Museu de Museus ou Indústria Lítica), integradas em quatro pares de conceitos gerais: caçadores-recolectores, agricultores e metalurgistas, arqueologia e paisagem, arte rupestre e arte contemporânea. Cada unidade de conteúdos digitais é formada por um grupo limitado de imagens ou por um pequeno filme, sendo que as escolhas de temas ou locais são decididas pelo utilizador do Museu, que encontra em cada uma dessas unidades um conjunto não estruturado de conteúdos.
Embora similar na forma a alguns jogos de consola, o sistema PACAD é muito distinto, pois além de se apoiar num software novo, decorre de um conceito radicalmente diferente: os conteúdos são escolhidos por apenas um ou dois utilizadores (como se estivessem em casa, com um computador pessoal), mas no espaço do Museu (definindo assim o conteúdo da visita que os demais utilizadores do Museu pode fazer). O utilizador/manipulador do sistema converte-se, assim, numa espécie de comissário de exposição, “impondo” as suas escolhas aos demais visitantes, o que nos permite debater a natureza das exposições num museu e o grau de autonomia dos seus utilizadores.

Assim, o sistema PACAD é um meio de acesso progressivo a conteúdos de arqueologia e arte rupestre, nas suas dimensões artística e científica. Todas as imagens, sem excepção, resultam das investigações dos pesquisadores do Grupo de Quaternário e Pré-História do Centro de Geociências26, informação que é transmitida aos visitantes. Por este meio, cada utilizador pode percorrer os sítios estudados pelos arqueólogos e compreender melhor os mecanismos de construção do conhecimento sobre o passado, que em parte é chamado a utilizar. Nesta exposição, o utilizador decide o que vê, mas cada imagem tem um autor que teve uma intenção ao registá-la, e com o qual o utilizador poderá, mais tarde, contactar.

O sistema PACAD estruturou-se, também, como um “Museu em Rede”. Na verdade, o sistema criado no Museu de Arte Pré-Histórica de Mação foi igualmente instalado na Fundação Museu do Homem Americano, no Piauí (Brasil), onde se apresentam conteúdos essencialmente vinculados à investigação da Serra da Capivara (Património Mundial, declarado em função do complexo rupestre e dos vestígios da mais antiga presença humana nas Américas). Nos próximos meses, outros espaços idênticos serão instalados em diversos museus em Portugal, no Brasil, e em outros países Europeus. Em cada um dos museus, para além dos conteúdos próprios de cada um, é possível aceder a uma selecção de conteúdos do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação e, também, “entrar” nos demais museus da rede (utilizando a internet). Com estas funções, pretende-se por um lado construir com os visitantes um conjunto de noções sobre a unidade do comportamento humano, expressa na sua extraordinária diversidade de soluções culturais, ao mesmo tempo que se coloca os visitantes em contacto directo com investigadores e, também, com outros utilizadores (por exemplo, será em breve possível a um visitante em Mação falar com outro que, no mesmo instante, esteja a visitar outro dos Museus em rede, conversando sobre as respectivas realidades e colecções).

O sistema articula-se, finalmente, com o portal de canais de televisão www.arqueomacao.tv, aqui se estabelecendo uma relação directa entre a produção de conhecimento e a sua difusão. Este canal de televisão por internet é outro instrumento de aproximação dos utilizadores do Museu a diferentes dimensões da investigação, servindo o objectivo geral de construir conceitos e de percepcionar o conhecimento como resultado de um processo analítico e interpretativo, e não como uma mera revelação.

O conjunto das soluções tecnológicas envolvidas (software e hardware) não é disponibilizado para comercialização: uma vez patenteadas, elas são actualmente geridas no seio das redes de investigação e intercâmbio académico em que o Museu, com o Instituto Politécnico de Tomar, participa.

A expansão progressiva deste sistema, que deverá integrar museus de Itália e do leste Europeu em 2010 e 2011, ajudará seguramente a aferir o seu impacto, a melhorar as suas soluções tecnológicas e conceptuais e a minimizar os erros que se forem identificando.
_________

1 Professor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar. Director do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação. Responsável do Grupo de Quaternário e Pré-História do Centro de Geociências (FCT).

2 BAPTISTA, A. M. (2001), Ocreza (Envendos, Mação, Portugal central): um novo sítio com arte paleolítica de ar livre. IN: A.R.Cruz, L.Oosterbeek, coord. (1999), Territórios, Mobilidade e Povoamento no Alto Ribatejo III – Santa Cita e o Quaternário da Região, série ARKEOS, vol.11, Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp.163-192.

3 CRUZ, A.R., L. OOSTERBEEK (1999), La “Rede Museográfica do Alto Ribatejo”: Tomar, Barquinha e Ferreira do Zêzere (Portugal), IN: Carlo Peretto (ed.), Landscape Changes in Relation to the Human-Environment Relationship in Southern Europe during the Pleistocene, Forlí, ABACO-MAC Srl, pp. 75-86.

4 OOSTERBEEK, L. (1996). Teaching and Training Archaeology at Tomar. IN: Archaeology, Methodology and the Organisation of Research (research and excavations of the universities and institutes participating in the Erasmus Project ICP-P-1041) – Proceedings of the Round Table, Isernia, 27 May 1994, Forlí, ABACO Ed.,61-72.
5 OOSTERBEEK, L. (1999), Artes, Ciências e Tecnologia: dialéctica da educação ou o paradoxo da modernidade politécnica, IN: A.R.Cruz, L.Oosterbeek, coord. (1999), 1º Curso Intensivo de Arte Pré-Histórica Europeia, série ARKEOS, vol.6, tomo I, Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp.179-186.
6 OOSTERBEEK, L. (1997) Associativismo e Património. IN: Cruz, A.R., L.Oosterbeek, coord. (1997), 1º Colóquio de Gestão do Património Arqueológico – perspectivas em diálogo, Tomar, série ARKEOS, vol.1, Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo.
7 JORGE, V.O., OOSTERBEEK, L. (1997). Elementos para a História Recente da Arqueologia Portuguesa: a actividade da Comissão Instaladora do Instituto Português de Arqueologia (Dez. de 1995-Set. de 1996). IN: Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol.XXXVII, 85-103.
8 OOSTERBEEK, L. (2007), Ordenamento cultural de um território. IN: José Portugal, S. Marques (eds.), Gestão cultural do território. Porto : Setepés, 2007.
9 OOSTERBEEK, L. (2008), Gestão Integrada do território e do património cultural, IN: Área Domeniu, vol. 3, pp. 11-17.
10 OOSTERBEEK, L. (2002), Museu Municipal de Mação: Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo. IN: A.R.Cruz, L.Oosterbeek, coord. (1999), Territórios, Mobilidade e Povoamento no Alto Ribatejo III – Arte Pré-Histórica e o seu contexto, série ARKEOS, vol.12, Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp.11-28.
11 Apoiada em equipamentos e layout museográfico construídos por Mariano Piçarra sobre o programa definido por L.O.
12 OOSTERBEEK, L. (2005), Arqueologia e Identidades: a torre de marfim na encruzilhada, IN: Cadernos do LEPAARQ, Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, vol.II, nº 3, pp. 37-46.
13 Sítios e espaços de memória, estes últimos integrados num projecto de rede coordenada por Margarida Morais. Vd. OOSTERBEEK, L., Margarida MORAIS, André LOPES (2008), Espaços de Memória e Cultura em Mação. Breve exposição. IN: Zahara, nº 11, Abrantes, Centro de Estudos de História Local – Palha de Abrantes, pp. 60-64.
14 Assumido principalmente por Pedro Cura. Vd. OOSTERBEEK, L., Sara CURA, Pedro CURA (2007), Educação, criatividade e cidadania no Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, IN: Revista de Arqueologia, Sociedade de Arqueologia Brasileira, vol. 19, pp. 103-110.
15 Cuja organização é orientada por Fernanda Torquato, com apoio de Isabel Afonso. Vd. TORQUATO, F. (2007), Caracterização geral da biblioteca de Arqueologia e História do Alto Ribatejo. IN: Oosterbeek, L., Bastos, R.L., Arqueologia Trans-Atlântica, Erechim, RS, Editora Habilis, pp.217-258.
16 Orientado por Sara Cura.
17 Orientado por Mila Simões Abreu, com a colaboração de Guillermo Muñoz.
19 Actualmente coordenada por Anabela Pereira, com a colaboração de Teixeira Marques.

20 QUAGLIUOLO, M. (2000), La gestione del patrimonio culturale : atti del IV Colloquio Internazionale : proceedings of the 4th International Meeting : nuove tecnologie e Beni Culturali e Ambientali : Torino : 4-8 dicembre 1999. Montepulciano [Sicilia] : Balze, 255 [1] p.

21 GONZÁLEZ MÉNDEZ, Matilde (2000), Memoria, historia y patrimonio : hacia una concepción social del patrimonio : toward a social concept of the heritage. Madrid : Departamento de Prehistoria. Instituto de Historia. Consejo Superior de Investigaciones Cientificas.
22 OOSTERBEEK, L. (2008), Património Cultural: mais um pouco do mesmo. In: Obscena. Revista de Artes Performativas, nº 16/17, Nov/Dez 2008, pp. 24-25.

23 OOSTERBEEK, L. (2008), A arqueologia de um ponto de vista social: recursos, identidades e riscos num contexto de mudança. In: S. Figueiredo (ed.), Actas das Jornadas de Arqueologia do Vale do Tejo, em território português, Lisboa, Ed. Cosmos.

24 RAPOSO, Luís (1997). Arqueologia em diálogo: o papel dos museus. IN: I Colóquio de Gestão do Património Arqueológico. Tomar: CEIPHAR, Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, pp. 73-90.

25 Desenvolvido e patenteado por uma parceria entre o Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo (CEIPHAR) e a empresa Benefits and Profits (B&P), com especial intervenção de Vítor Teixeira.

26 Incluindo os alunos do Mestrado em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre e do Doutoramento em Quaternário, Materiais e Culturas (ministrados pelo Instituto Politécnico de Tomar e pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).

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