domingo, 16 de dezembro de 2012
O Patrimônio Histórico Cultural em São José e Relações Étnico-Raciais: Desafios e Possibilidades
Tánia Tomázia do Nascimento¹
Joana Célia dos Passos²
Em decorrência das reflexões oriundas com a Semana da Consciência Negra, ocorreu em são José, dia 17 de novembro, a 1ª Oficina em Patrimônio Histórico Cultural e Relações Étnico-Raciais. A mesma contou com a parceria firmada entre a Prefeitura Municipal de São José, o Instituto Terra e Memória Brasil e o Núcleo de Estudos Negros através do Projeto Porto Seguro.
Ministrada pela arqueóloga Tânia Tomázia e a educadora Joana Célia, a oficina foi um espaço de discussão para pesquisadores e funcionários da Prefeitura Municipal de São José, expor e dialogar os desafios e as possibilidades na visibilização de um Patrimônio Histórico Cultural plural, onde os diversos atores sociais, em especial os afrodescendentes, possam ter acesso e ligação com seus bens patrimoniais.
A oficina surgiu por uma demanda da Fundação Municipal de Cultura e Turismo e contou com a participação de profissionais ligados às áreas de educação, museologia, arquivologia, turismo, arqueologia e biblioteconomia.
De acordo com Tânia Tomázia, Patrimônio Histórico Cultural é o conjunto de bens - materiais e imateriais - ou propriedade cultural, composto pela memória e modo de vida de diferentes grupos que formam uma sociedade. De forma que estes profissionais questionaram em que medida o Patrimônio Histórico Cultural, em São José, tem dado espaço para os diferentes grupos que compõem a sociedade josefense.
Reflexão aguçada com o descortinamento das questões raciais, feitas por Joana Célia, que discutiu analiticamente o conceito de raça, suas implicações de um ponto de vista biológico e o seu real significado dentro do contexto histórico, social e político brasileiro, marcado pela desigualdade. Questões como racismo científico, política de branqueamento e o mito da democracia racial, apregoado por Gilberto Freyre, e ainda reinante, foram avaliados pelo grupo.
Pautada pela Pedagogia Multirracial e Popular, a oficina trabalhou conceitualmente o tema proposto, partindo da realidade de cada participante que expuseram, refletiram e construíram questionamentos, sempre buscando soluções a partir de sua própria realidade.
Os resultados das reflexões apontaram para uma postura ainda tímida para as discussões sobre as relações étnico-raciais e patrimoniais em São José, mas foi de comum acordo a necessidade de mudanças, pelo que o grupo construiu encaminhamentos e se dispôs a executá-los, de forma que atividades coletivas estão em andamento.
¹ Doutoranda em Quaternário, Materiais e Culturas, pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Portugal
² Doutora em Educação, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil
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