domingo, 16 de dezembro de 2012
PS1 – Santa Catarina e São José/Palhoça
Santa Catarina, no Sul do Brasil, é um bom exemplo de mosaico cultural e étnico. Os Caçadores Recolectores ocuparam o território há pelo menos 11.000 anos, mas a exacta cronologia da ocupação humana ainda está em discussão, apesar do longo registo de investigação arqueológica (nomeadamente em torno de dois temas: os Concheiros ou "sambaquis" e os primeiros artesãos de cerâmica). Alguns dos maiores sambaquis do mundo estão nesta área (como o da Ponta da Garopaba com 80.000 m² de largura e 24 metros de altura) e seu papel na transição para a horticultura continua a ser questionado.
Centenas de sítios arqueológicos de fabricantes de cerâmica, de diversos grupos (divididos nos ramos linguísticos Gê e Tupiguarani) também são conhecidos. Sítios de arte rupestre ao ar livre, abrigos sobre rocha, cabanas e oficinas líticas estão a testemunhar uma duradoura e densa ocupação humana, que deixa seus vestígios ainda em nomes de rios, montanhas e até mesmo cidades.
O contacto com os europeus, cedo seguidos por escravos Africanos, produziu dinâmicas muito complexas, principalmente até o século XVII, quando caçadores, agricultores, escravos fugitivos e europeus partilharam o território num contexto de grande tensão. Posteriormente, a região tornar-se-á palco de ondas de imigrantes de Portugal (principalmente dos Açores), da Itália ou da Alemanha, nos séculos XIX e XX (algumas cidades sendo quase como réplicas de outras europeias). Importantes relíquias históricas e arquitectónicas sobrevivem destas sucessões, como o Ribeirão da Ilha (em Florianópolis). Fortalezas, Solares e Fábricas são evidências deste mais recente passado. Alguns dos mais importantes museus temáticos do Brasil (como o Museu dos Sambaquis, em Joinville ou o Museu do Mar, em S. Francisco do Sul) estão localizados neste Estado. A descendência africana está fortemente presente nos espaços urbanos, nas festas e nas artes.
A experiência de juntar as investigações arqueológicas, as artes e a didáctica do património tem sido tentada em algumas ocasiões (por exemplo, durante a escavação do Palácio do Governador, datado do século XVIII, hoje Museu Histórico, onde são realizadas exposições e concertos, ou em Laguna, na casa da memória "Anita Garibaldi"). Existe uma percepção disseminada na população, no que diz respeito a essa diversidade, mas a verdade é que a partir de uma perspectiva científica rigorosa ainda existem muitas dúvidas sobre os detalhes das interacções e sucessões dos grupos humanos. Por esta razão Santa Catarina será o principal cenário deste projecto, nomeadamente os municípios de São José/Palhoça (mas alargando para Paulo Lopes e Florianópolis).
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